A expectativa em torno da reunião de dezembro do Comitê de Política Monetária (COPOM) tem gerado intensos debates entre economistas e analistas do mercado financeiro, devido à possível alta na taxa de juros que pode superar as previsões do Banco Central. Enquanto a instituição sinaliza a continuidade na elevação da taxa em apenas 0,5 ponto percentual, muitos acreditam que fatores internos e externos forçarão um ajuste mais agressivo.
Nos últimos meses, o Brasil vem enfrentando um cenário econômico complexo, marcado por incertezas quanto aos cortes de gastos planejados e pressões globais que aumentam os desafios para a política monetária. O Banco Central destacou a necessidade de ajustes fiscais estruturais como fundamentais para reduzir o peso sobre a política monetária e melhorar o cenário inflacionário.
Economistas como Marco Caruso, do Santander, e Tatiana Pinheiro, da Galapagos Capital, enfatizam que a decisão final do COPOM sobre a taxa de juros está intimamente ligada às decisões fiscais do governo. Sem mudanças significativas na política fiscal, um aumento de 0,75 ponto percentual pode ser inevitável em dezembro. Isto ocorre porque qualquer impulso econômico causado por gastos públicos descontrolados pode agravar ainda mais a inflação.
A atuação do governo nessa área não é apenas uma questão de ajuste técnico, mas de confiança do mercado na capacidade de o Brasil manter uma política fiscal responsável. A escalada da inflação para 4,59% ao ano, conforme previsão do mercado, coloca o país em posição acima do teto da meta, agravando o cenário econômico e pressionando por medidas contundentes.
Entre as projeções pessimistas, já se discute que a inflação, hoje prognosticada pelo COPOM em 4,6% para os próximos 12 meses, ultrapassa o limite superior da meta estabelecida, o que pode exigir um aperto monetário ainda mais rigoroso para combater o excesso inflacionário. Caso as medidas fiscais não sejam implementadas, o aumento da Selic pode continuar, talvez até mais acentuadamente do que o planejado atual, projetando uma possível taxa de até 13,25% ao ano ao final do ciclo, como sugerem especialistas como Luis Cezario da Asset1.
E é nesse contexto que a incerteza fiscal continua tomando lugar. As opções do governo referentes aos estímulos, na forma de cortes de gasto ou investimentos estratégicos, se tornam centrais ao definir até onde o Banco Central terá de ir para domar a inflação. Assim, estruturas fiscais robustas agiriam como fator moderador, permitindo que a política monetária não precise ser excessivamente contracionista.
No panorama global, a recente eleição nos Estados Unidos adiciona outra camada de complexidade, com possíveis medidas protecionistas ampliando os custos de importação, além de cortes de impostos que poderiam elevar as taxas de juros nos EUA e valorizar o dólar. Isso cria uma conjuntura em que o Brasil precisa estar preparado para impactos externos que podem influenciar diretamente o câmbio e a inflação interna.
Diante desses fatores, a determinação do COPOM de ponderar sobre ajustes fiscais não é apenas uma estratégia local, mas uma resposta às dinâmicas econômicas em escala global. Com a taxa Selic situada em 11,25% após o último aumento, os analistas ainda consideram um caminho elevado pela frente, enquanto busca-se a estabilização econômica, garantindo que o ciclo de apertos tenha o efeito esperado para um futuro de longo prazo mais estável.
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