Odete Roitman: o assassinato que parou o Brasil e volta em 2025

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Odete Roitman: o assassinato que parou o Brasil e volta em 2025
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Quando Beatriz Segall, atriz que dava vida à Odete Roitman em Vale Tudo, foi brutalmente abatida a tiros no episódio 193, em 24 de dezembro de 1988, o Brasil inteiro ficou colado na tela.

Mas não foi só a morte que fez tremer o país; foi o mistério que se arrastou por treze dias, até a revelação final em 6 de janeiro de 1989, quando Cássia Kiss, então interpretando Leila, descobriu que havia sido a própria assassina.

Contexto histórico da trama

Vale Tudo, criada por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, chegou ao ar em 1988 como um retrato cru da elite brasileira, misturando ambição, corrupção e, claro, muito drama.

A novela ocupava o horário nobre da TV Globo, e seu público ultrapassava a marca de 50 milhões de telespectadores. Nesse cenário, a personagem Odete Roitman era a vilã‑cínica que comandava os bastidores de poder.

O mistério que cativou o país

A cena do crime foi gravada minutos antes da exibição do último capítulo da temporada, sob extremo sigilo. Denis Carvalho, diretor da novela, chegou a dispensar os atores de cena antes de anunciar quem seria o culpado.

Segundo relatos da própria Segall, ao ser informada da morte de Odete, ela cumprimentou a colega Glória Pires, que interpretava Maria de Fátima, e disse que estava "aliviada" por finalmente ter fechado a porta da vilã.

O motivo: Leila, cegada pela suspeita de traição cometida por Marco Aurélio (personagem que não aparece neste resumo), procurava Maria de Fátima e, em um ato impulsivo, disparou a arma contra a pessoa errada, matando Odete por engano.

Como a produção garantiu o segredo

  • Os roteiristas criaram até cinco versões diferentes do final, espalhando pistas falsas em cada um dos scripts entregues.
  • Os atores receberam páginas de roteiro incompletas; o nome do assassino estava sempre escondido em um envelope lacrado.
  • Para impedir vazamentos, Denis Carvalho proibiu a gravação de fotos nos bastidores nas 24 horas que antecederam a exibição.
  • A Nestlé, patrocinadora oficial, lançou um concurso nacional, premiando quem adivinhasse o culpado — o que gerou fila nos pontos de venda.

Essas medidas criaram um clima de suspense que ultrapassou a própria narrativa, transformando a pergunta "Quem matou Odete Roitman?" em bordão de bares, escolas e até nas empresas.

Repercussão cultural e legado

Repercussão cultural e legado

Além de dominar a audiência, o caso gerou um fenômeno midiático: o jornal Contigo publicou a foto da cena da morte como capa, que hoje circula como meme nas redes sociais.

A influência foi tão grande que outras novelas passaram a investir em plot twists semelhantes, como Emília D’ Cavalcante em "Avenida Brasil" (2012) ou a revelação de quem matou Zé do Caixão em "O Lobo" (2021).

Até hoje, ao ouvir "Dia de Odete" os brasileiros lembram não só da trama, mas de um momento de união coletiva, quando todo o país interrompia suas rotinas para assistir ao desfecho.

O remake de 2025 e o novo assassinato

Em 2025, a TV Globo decidiu revisitar o clássico, trazendo Débora Bloch como a nova Odete Roitman.

A produção, comandada pela roteirista Manuela Dias, ampliou a lista de suspeitos, incluindo personagens de outras tramas da grade, como "Êta Mundo Melhor" e "Dona de Mim".

O ponto de tensão está marcado para 6 de outubro de 2025, anunciado como "O Dia dos Vilões". Diferente da versão original, a identidade do assassino será revelada em tempo real nas redes sociais, permitindo que o público participe ativamente da trama.

Embora a nova versão ainda enfrente desafios de audiência, os números de visualizações subiram 18 % nas duas últimas semanas, sinalizando que a curiosidade ainda funciona como na década de 80.

Perguntas Frequentes

Por que a morte de Odete Roitman virou um marco da TV brasileira?

A cena combinou suspense, produção impecável e um mistério que atravessou treze dias, fazendo com que quase todo o país parasse para assistir. O impacto cultural foi reforçado por campanhas publicitárias, concursos da Nestlé e um debate nacional sobre a vilã.

Como a produção impediu vazamentos do assassinato?

Roteiristas criaram múltiplas versões do final, entregaram scripts incompletos, lacraram envelopes com o nome do culpado e proibiram fotografias nos bastidores nas 24 horas antes da transmissão.

Qual foi a reação de Beatriz Segall ao saber que sua personagem seria morta?

Segall contou que, ao ser informada, abraçou a colega Cássia Kiss e, de forma bem-humorada, agradeceu por ter conseguido "encerrar" a vilã, mas depois evitou comentar a trama para fugir do "fantasma da assassina".

O que muda na versão de 2025 comparada ao original?

Além de atualizar a linguagem e incluir personagens de outras novelas da grade, o remake conta com uma votação ao vivo nas redes sociais para definir o assassino, tornando a audiência parte ativa da história.

Qual foi a influência do caso nas novelas posteriores?

O modelo de suspense com o "quem matou?" inspirou tramas como "Avenida Brasil", "O Lobo" e até programas de reality que adotam enigmas semelhantes para manter o público engajado.

3 Comentários

Leonardo Santos
Leonardo Santos
outubro 5, 2025 AT 05:29

Todo esse retorno de Odete Roitman não é só nostalgia. É uma jogada estratégica das emissoras para manipular a percepção pública, alimentando um ciclo de vigilância de quem controla a narrativa.

luciano trapanese
luciano trapanese
outubro 22, 2025 AT 14:49

É incrível ver como cada geração ainda se conecta a esse mistério. A energia que a trama gera mostra o poder da narrativa coletiva, então vamos curtir e celebrar esse marco juntos.

Marcelo Mares
Marcelo Mares
novembro 9, 2025 AT 00:08

O caso da morte de Odete Roitman foi um marco na história da teledramaturgia brasileira, pois combinou técnicas de produção avançadas com um suspense que ultrapassou o próprio enredo. Primeiro, a decisão de criar múltiplas versões do final exigiu um nível de sigilo nunca antes visto nas novelas da época. Isso resultou em um ambiente de trabalho onde atores e equipe estavam literalmente sob contrato de confidencialidade rígido. Em seguida, a escolha de revelar o culpado apenas no último minuto elevou a expectativa do público a patamares históricos. O impacto foi tão grande que a imprensa registrou picos de audiência inéditos, batendo recordes de 50 milhões de telespectadores. Além disso, a campanha da Nestlé, que oferecia prêmios por quem adivinhasse o assassino, transformou o programa em um evento nacional, quase como uma loteria cultural. Esse tipo de engajamento interativo foi pioneiro e inspirou gerações de roteiristas a explorar finais abertos e participativos. Na década de 90, vimos a consolidação desse modelo em novelas como “Avenida Brasil”, onde o suspense do “quem fez?” tornou-se um elemento recorrente. A repercussão nas redes sociais atuais, especialmente com o remake de 2025, mostra que o formato ainda funciona, agora amplificado por plataformas digitais que permitem votação em tempo real. A inclusão de personagens de outras tramas também demonstra uma visão de universo compartilhado, similar ao que ocorre em grandes franquias de entretenimento. A estratégia de usar múltiplas linhas narrativas colabora para manter o público atento, criando um efeito de “binge‑watching” antes mesmo da era do streaming. A produção ainda recorre a recursos como envelopes lacrados, que geram curiosidade e alimentam teorias de fãs ao redor do país. O fato de que a cena da morte ainda circula como meme evidencia a perenidade desse momento cultural. Por fim, a capacidade da Globo de reunir milhões para assistir a um acontecimento fictício reforça o papel da televisão como agente de coesão social, ainda que temporariamente. Em resumo, a combinação de planejamento meticuloso, marketing inovador e narrativa envolvente fez dessa trama um estudo de caso sobre como manter audiências cativas por décadas.

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