GP do Azerbaijão: Hamilton lidera 1-2 da Ferrari no TL2; McLaren sofre com toques no muro

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GP do Azerbaijão: Hamilton lidera 1-2 da Ferrari no TL2; McLaren sofre com toques no muro
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Hamilton domina, Ferrari fecha 1-2 e McLaren paga a conta do risco

Baku não perdoa. No segundo treino livre do GP do Azerbaijão, Lewis Hamilton colocou a Ferrari no topo com 1min41s293 usando pneus médios, e comandou um 1-2 com Charles Leclerc a apenas 0s074. A mensagem foi clara: a equipe italiana tem velocidade de classe média-alta na rua longa de 6,003 km e ritmo consistente nas partes mais travadas.

A sessão foi intensa e traiçoeira. Lando Norris bateu com força na curva 4, acertando o muro de fora e danificando o tirante da suspensão traseira esquerda. Arrastou o carro em “crab walk” até os boxes e encerrou mais cedo, ainda assim salvando um 10º lugar nos tempos. Oscar Piastri, líder do campeonato, também deu um beijo no muro, na curva 15; o TecPro amorteceu, ele seguiu em frente, mas fechou só em 12º, 1s002 atrás de Hamilton. Em uma pista que evoluiu mais de um segundo em relação ao TL1, qualquer deslize custou caro.

O top 4 teve cara de briga de gente grande. George Russell colocou a Mercedes em terceiro, a 0s477, e Kimi Antonelli, recém-chegado, cravou o quarto tempo, a 0s486, mostrando adaptação rápida ao traçado que exige precisão milimétrica entre muros. A Haas surpreendeu com Ollie Bearman em quinto, à frente de Max Verstappen, sexto, indicando que o carro tem janela de operação decente em pista de baixa aderência.

A natureza do traçado fez diferença. Baku combina retão quilométrico com trechos de 90 graus e a passagem apertada pelo “castelo”. Quando o piloto erra uma freada ou passa um centímetro fora da linha boa, o muro está ali para cobrar. Foi o que vimos em várias voltas abortadas, toques leves e correções de última hora. Não houve grandes interrupções, mas os sustos foram constantes ao longo dos 90 minutos.

O que deixou o resultado da Ferrari ainda mais expressivo foi o tempo de Hamilton com pneus médios. Em simulações de corrida, o composto médio segurou melhor a temperatura na traseira e sofreu menos com escorregadas na saída de curva, algo comum em Baku quando o vento muda de direção entre quarteirões. As tentativas com pneus macios foram mais rápidas em trechos específicos, mas variaram demais conforme a evolução do asfalto e o tráfego na última volta da reta principal.

O que os times aprenderam e o que muda para sábado

O que os times aprenderam e o que muda para sábado

- Ferrari: consistência nos três setores, com um carro que pareceu estável nas freadas de média velocidade e forte na tração. Hamilton liderou quase todas as referências, e Leclerc ficou colado o tempo todo. A equipe tirou carga de asa sem perder frente no miolo, um equilíbrio raro em Baku.

- McLaren: dia caro. O acidente de Norris vai forçar uma revisão completa da suspensão traseira e de componentes periféricos. Não há sinal de dano estrutural maior, mas a equipe deve trabalhar até tarde para garantir que a geometria esteja perfeita para o TL3. Piastri terminou a sessão, porém ficou sem uma volta limpa de referência nos macios. O ritmo bruto está escondido, mas a margem para erro diminuiu.

- Mercedes: pacote sólido. Russell andou com confiança nas entradas de curva e mostrou velocidade de reta adequada para brigar pela primeira fila. Antonelli chamou atenção por ficar a menos de um décimo do companheiro, algo raro em uma pista que exige experiência de leitura de vento e aderência que muda a cada passagem.

- Haas: o quinto lugar de Bearman não caiu do céu. O carro encaixou bem com piso em evolução e frenagens fortes. Com temperatura de asfalto subindo, o time pode ganhar ainda mais se evitar aquecer demais o eixo traseiro nas saídas de 90 graus.

- Red Bull: Verstappen em sexto sugere janela de acertos ainda aberta. O carro perdeu tempo no segundo setor, onde estabilidade na traseira conta mais que pressão aerodinâmica pura. O ganho virá com uma frente mais direta na mudança de direção antes do “castelo”.

- Alpine: Franco Colapinto fechou em 20º, mais de dois segundos do topo. O carro escorregou nas retomadas, um sinal de falta de apoio traseiro e dificuldade para manter temperatura no pneu. Em Baku, isso vira um círculo vicioso: você não traciona, gasta pneu tentando corrigir, e a volta vai embora na reta.

Os números contam a história. Hamilton 1min41s293 (médios), Leclerc a 0s074, Russell a 0s477 e Antonelli a 0s486. Norris em 10º mesmo com a batida, Piastri 12º a 1s002 e Colapinto 20º, acima de dois segundos da referência. As diferenças menores na frente e os saltos no meio do pelotão mostram que a ordem real ainda está embaralhada por tráfego e pequenas variações de vento.

Estratégia para sábado? Três pontos decisivos:

  • Janela do vácuo: o “tow” na longa reta de Baku pode valer de 2 a 3 décimos se bem calculado. O risco é atrapalhar a volta do companheiro ou pegar sujo no último setor.
  • Evolução de pista: a mão de quem sair mais tarde no Q3 pode ser pesada. Se o vento colaborar, a última tentativa costuma ser a que decide.
  • Gerenciamento de pneus: o macio dá a volta da glória, mas degrada rápido se o piloto errar a mínima na curva 16. O médio foi o melhor amigo de quem pensou em ritmo de corrida no TL2.

Do ponto de vista de acerto, a palavra é compromisso. Quem colocar asa demais perde velocidade no retão e vira alvo fácil; quem tira demais sobra de frente no miolo e encosta no muro. A Ferrari parece ter encontrado um ponto doce que mantém a traseira plantada sem matar a velocidade terminal. Mercedes vem logo atrás, com espaço para ajustar a janela de temperatura dos pneus.

Para a McLaren, o sábado começa com a planilha de reparos: revisar suspensão, checar alinhamento e recuperar confiança do piloto em pontos cegos como a curva 15. Norris já mostrou que há tempo no carro, mas ele e Piastri precisam de voltas limpas para amarrar o Q3. Historicamente, Baku paga quem é paciente na construção da volta e ousado na reta final.

Fica a sensação de que a classificação terá cara de loteria tática, com vácuo, bandeiras amarelas no limite e decisões de última volta. Se o TL2 vale como termômetro, Ferrari chega com a mão mais quente, Mercedes não larga o osso e a McLaren terá que remar depois de um treino que cobrou cada milímetro de excesso de confiança.

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