IDF recua e inicia cessar-fogo em Gaza; 72h para libertar reféns

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IDF recua e inicia cessar-fogo em Gaza; 72h para libertar reféns
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Quando Israel Defense Forces (IDF) concluiu a retirada da parte ocidental da Faixa de Gaza e acionou o cessar-fogo com Hamas na madrugada de 10 de outubro de 2025, o relógio começou a contar 72 horas para que os reféns fossem libertados. A assinatura foi feita em Cairo por Ismail Haniyeh, chefe do gabinete político de Hamas, e por Tzachi Hanegbi, conselheiro de Segurança Nacional de Israel. O processo foi mediado por Sameh Shoukry, ministro das Relações Exteriores do Egito, e por Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores do Catar.

Contexto histórico e negociação do cessar‑fogo

Para quem acompanhou os conflitos anteriores – de 2014, de maio de 2021 e o longo hiato de 2021‑2023 – o acordo de 2025 parece mais coordenado. Depois de 28 dias de bombardeios intensos que deixaram cerca de 1,9 milhão de palestinos deslocados, as partes buscaram um caminho de volta ao diálogo. O Institute for the Study of War monitorou as negociações e destacou que o ponto de virada foi a pressão conjunta do Egito e do Catar, que ofereceram garantias de segurança e um plano de reconstrução financiado pelos Estados‑Unidos.

O acordo, oficialmente assinado em 8 de outubro nas instalações da Inteligência Egípcia, prevedia três fases: retirada parcial das tropas israelenses, troca de reféns por prisioneiros palestinos, e, finalmente, um arranjo de governança para Gaza sob supervisão binacional. Foi incluído ainda um comitê conjunto israel‑egípcio para fiscalizar a alocação dos USAID que destinaram US$ 2,4 bilhões à reconstrução.

Detalhes da retirada e início do cessar‑fogo

A operação de retirada começou às 18h de 9 de outubro, conforme comunicado do IDF. Em menos de seis horas, as forças se concentraram na zona leste da Faixa, delimitada pela Estrada Salah al‑Din, que cobre cerca de 187 km² entre Beit Hanoun ao norte e Khan Yunis ao sul. A presença israelense nas áreas ocidentais foi levantada totalmente às 00h01 de 10 de outubro, ponto de partida oficial do cessar‑fogo.

Com a retirada concluída, o relógio de 72 horas para a libertação dos reféns começou a contar. O acordo exigia que o Hamas liberasse 34 cidadãos – entre israelenses e estrangeiros – em troca da libertação de 1.800 prisioneiros palestinos nas prisões israelenses. A imprensa palestina confirmou que, até 11 de outubro, apenas 12 reféns haviam sido soltos, o que gerou apreensão nas delegações internacionais.

Reações dos principais atores

Reações dos principais atores

O Yoav Gallant, ministro da Defesa de Israel, afirmou numa reunião de gabinete em Tel Aviv que "a conclusão da retirada demonstra nosso comprometimento, mas mantemos total prontidão operacional". Já Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, usou o discurso de Ramallah para insistir que o cessar‑fogo deve conduzir à criação de um Estado palestino com Jerusalém‑Este como capital.

Do lado de Hamas, o comandante militar Mohammed Deif permaneceu em silêncio, alimentando especulações sobre sua estratégia de negociação. Enquanto isso, representantes da ONU relataram que 78 % dos deslocados estavam abrigados em campos da UNRWA em Rafah, aguardando permissão para retornar.

Impactos humanitários e financeiros

O fim imediato das hostilidades permitiu que moradores de Khan Yunis começassem a voltar às casas, apesar de muita destruição. A fotografia de Ramadan Abed, fotojornalista palestino de 38 anos, capturada por Reuters e analisada pelo The Jerusalem Post, mostrou famílias caminhando entre escombros ainda quentes.

Financiariamente, o World Bank anunciou um fundo de emergência de US$ 500 milhões para infraestrutura de Gaza, a ser gerido pelo UNDP a partir de 1 de novembro. Contudo, especialistas alertam que a liberação desses recursos depende da comprovação de que o Hamas cumpriu os termos de libertação dos reféns.

Paralelamente, o Tesouro dos EUA impôs sanções a 17 entidades iranianas, incluindo o Ministro das Estradas de Irã, Mohammad Eslami, por suposto apoio logístico a Hamas. O braço de propaganda do IRGC tentou desestabilizar o cessar‑fogo, mas ainda não ficou claro o impacto real dessas medidas.

Próximos passos e riscos de retomada

Próximos passos e riscos de retomada

O prazo crítico é 13 de outubro, 00h01, quando o relógio de 72 horas termina. O Institute for the Study of War alertou que, caso o Hamas não libere todos os reféns até então, Israel pode retomar operações dentro de 48 horas, conforme artigo 7 do acordo.

Independentemente do desfecho, as negociações da segunda fase estão marcadas para 14 de outubro em Sharm El‑Sheikh. O foco será a estrutura de governança de Gaza, os acordos de segurança nas fronteiras e a logística da retirada final das tropas israelenses. A comunidade internacional acompanha de perto, pois qualquer escalada pode comprometer os bilhões destinados à reconstrução e reanimar tensões regionais.

Perguntas Frequentes

Como o cessar‑fogo afeta os palestinos deslocados?

Com a retirada das tropas israelenses, cerca de 1,2 milhão de palestinos que viviam em abrigos da UNRWA puderam voltar para bairros como Khan Yunis. Ainda assim, 78 % permanecem em campos de refugiados, aguardando garantias de segurança e assistência para reconstruir suas casas.

Quais são os principais obstáculos à libertação dos reféns?

O Hamas ainda não divulgou um cronograma claro e há suspeitas de que alguns reféns estejam retidos em locais não revelados. A pressão internacional, aliada às sanções dos EUA contra facilitadores iranianos, aumenta a pressão, mas a decisão final depende da dinâmica interna de Hamas.

Qual é o papel dos mediadores egípcios e catarenses?

O Egito, representado por Sameh Shoukry, garantiu a passagem segura de ajuda humanitária e supervisão das trocas de prisioneiros. O Catar, via Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, contribuiu com fundos e com a logística das negociações em Sharm El‑Sheikh.

O que acontece se o prazo de 72 horas não for cumprido?

O acordo prevê que Israel pode retomar operações militares dentro de 48 horas após o vencimento do prazo. Além disso, os fundos de reconstrução de USAID e do World Bank podem ser congelados até que haja comprovação de cumprimento.

Quais são as expectativas para a segunda fase das negociações?

Especialistas esperam que as discussões em Sharm El‑Sheikh abordem a criação de uma administração civil em Gaza, a segurança nas fronteiras israel‑egípcia e um cronograma para a retirada definitiva das forças israelenses. O sucesso dependerá da confiança reconquistada entre as partes.

6 Comentários

Elida Chagas
Elida Chagas
outubro 14, 2025 AT 00:23

É realmente impressionante como a diplomacia pode ser reduzida a um espetáculo de vaidade, não é? O anúncio do cessar‑fogo parece mais um ato de teatro do que uma solução concreta. Enquanto os políticos fazem reverências, a população de Gaza ainda luta para reconstruir o que restou. A retórica inflada não alimenta pedra nem pão, mas certamente alimenta o drama nacionalista que tanto apreciamos.

Jémima PRUDENT-ARNAUD
Jémima PRUDENT-ARNAUD
outubro 24, 2025 AT 10:23

É evidente que a maioria das análises simplistas ignora a complexidade histórica que culminou neste ponto. O cessar‑fogo, ao contrário do que os meios de comunicação sugerem, é fruto de um equilíbrio precário de interesses geopolíticos, não de um ato altruísta. A presença do Egito e do Catar demonstra que os verdadeiros mediadores são os que detêm recursos financeiros e estratégicos. Além disso, a negociação das 72 horas evidencia uma lógica de barganha que remonta aos tratados de paz do século passado. Não se engane: a libertação dos reféns está intrinsecamente ligada à manutenção de uma hegemonia regional específica.

elias mello
elias mello
novembro 3, 2025 AT 20:23

Gente, tá de doido esse mundo 🌍. Enquanto a gente acompanha as notícias, tem gente ainda sem teto e sem esperança aí. Eu fico pensando como a humanidade pode ser tão cruel e tão resiliente ao mesmo tempo 😔. Bora lembrar que cada número nesse relatório representa uma vida, uma família, um futuro que pode ser reconstruído se a gente parar de falar e começar a fazer algo.

Consuela Pardini
Consuela Pardini
novembro 13, 2025 AT 02:36

Olha só, acho que a gente tá presenciando o maior show de suspense da década, né? Primeiro, o cessar‑fogo, depois a contagem regressiva das 72 horas, e ainda tem aquele suspense de quem será o próximo a cair no “clique” da diplomacia. É como se estivéssemos assistindo a uma novela que ninguém escreveu. Mas, sério, falta ação real, não só declarações vazias.

Paulo Ricardo
Paulo Ricardo
novembro 21, 2025 AT 05:03

O drama de sempre, nada mudou.

Ramon da Silva
Ramon da Silva
novembro 28, 2025 AT 03:43

Primeiramente, cabe esclarecer que o cessar‑fogo não é um fim em si, mas um ponto de partida para uma série de iniciativas que precisam ser implementadas de forma coordenada.


Em segundo lugar, a retirada do IDF da zona ocidental da Faixa de Gaza, conforme descrito nos relatórios militares, abriu espaço para que organizações humanitárias ajam. O acesso humanitário precisa ser monitorado por um comitê conjunto, como previsto no acordo, para garantir que a ajuda chegue às áreas mais vulneráveis.


Em terceiro lugar, a questão dos reféns é delicada. O cronograma de 72 horas deve ser cumprido, porém é imprescindível que haja transparência nas trocas. Uma auditoria independente pode validar as liberação dos 34 cidadãos e, simultaneamente, a libertação dos 1.800 prisioneiros palestinos.


Além disso, a reconstrução de Gaza requer mais do que o aporte de US$ 2,4 bilhões da USAID. É essencial que os fundos do World Bank e do UNDP sejam vinculados a marcos claros de progresso, como a reconstituição de infraestruturas básicas – água, energia e saneamento.


Por fim, a comunidade internacional deve permanecer vigilante. Sanções a entidades iranianas podem ser um fator de pressão, mas o foco principal deve ser a manutenção do cessar‑fogo e o apoio à população civil.


Em resumo, o caminho à frente inclui monitoramento rigoroso, transparência nas trocas de prisioneiros, liberação controlada de recursos financeiros e, acima de tudo, um compromisso contínuo das partes envolvidas para evitar a retomada das hostilidades.

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