William Bonner se despede do Jornal Nacional após 29 anos em frente às câmeras

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William Bonner se despede do Jornal Nacional após 29 anos em frente às câmeras
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Às 21h55 do dia 31 de outubro de 2025, William Longo Bonner disse ‘boa noite’ pela última vez. Não era apenas uma despedida comum — era o fim de um capítulo que durou quase três décadas na história da televisão brasileira. Com o olhar sereno, mas os olhos úmidos, o jornalista de 62 anos encerrou sua passagem como principal âncora do Jornal Nacional, o telejornal mais assistido do país, após 29 anos, 5.207 edições consecutivas e incontáveis momentos históricos contados ao vivo. O momento aconteceu no estúdio do TV Globo na Avenida das Américas, em Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, com o público em casa estimado em 28,5 milhões de pessoas — um recorde para a faixa horária.

Um fim que foi também um começo

Bonner não saiu sozinho. Ao seu lado, Renata de Cárdenas Vasconcellos, 52, sua parceira desde 2017, tentava disfarçar a emoção, mas não conseguiu. Quando ele encerrou o discurso, ela apertou a mão dele com força, como se quisesse guardar aquele momento para sempre. E então, silenciosamente, entrou em cena César Tralli, 54, o novo rosto da bancada de segunda a quinta-feira. O gesto foi simbólico: Bonner se levantou, deu um passo para o lado, e deixou o lugar vazio — não por ausência, mas por transição.

"Agradeço ao público pela confiança diária, à equipe da TV Globo pelo trabalho em conjunto e à minha família pelo apoio incondicional ao longo da carreira de 29 anos. Destaco a importância da renovação e da continuidade do jornalismo responsável, passando o bastão para uma nova geração de comunicadores", disse Bonner, com a voz firme, mas carregada de sentimento. A frase foi repetida milhares de vezes nas redes sociais. #DespedidaBonner trending por 12 horas seguidas, com 4,7 milhões de menções no Brasil. Não foi só um jornalista que se despediu. Foi um símbolo.

Um legado escrito na história do Brasil

Quem nasceu nos anos 1980 ou 1990 provavelmente não conheceu o Jornal Nacional sem Bonner. Ele assumiu a bancada em março de 1996, após a aposentadoria de Cid Moreira, e desde então testemunhou e narrou os principais eventos da vida nacional: a estabilização da economia com o Plano Real, as eleições presidenciais de 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018, o impeachment de Dilma Rousseff, a Copa do Mundo de 2014 e, mais recentemente, a pandemia da COVID-19 — sempre com a mesma postura: clara, calma, sem sensacionalismo.

Colaboradores que passaram por sua vida profissional também se manifestaram. Hélio Costa, 83, que dividia a bancada com ele nos anos 90, gravou um depoimento emocionante: "William é o tipo de jornalista que faz você acreditar que a verdade ainda importa." Já Sandra Annenberg, 57, âncora da GloboNews, chamou Bonner de "padrão de integridade jornalística para três gerações de brasileiros".

A audiência da noite foi um testemunho silencioso do peso dessa despedida. Com 32% de share, o Jornal Nacional superou em muito a média de 24% registrada em 2025. As pessoas não estavam só assistindo ao noticiário — estavam celebrando, chorando, lembrando. Alguns até deixaram as redes sociais e se sentaram na frente da TV, como nos velhos tempos.

Quem é o novo âncora? E o que vem para Bonner?

Quem é o novo âncora? E o que vem para Bonner?

César Tralli, que já havia apresentado o Jornal Nacional aos fins de semana e comandado o Bom Dia São Paulo, assume a bancada de segunda a quinta-feira a partir de 3 de novembro de 2025. Renata Vasconcellos continua como âncora de sexta-feira e alternará com Tralli nos fins de semana. Ambos respondem diretamente a Ali Kamel, 65, diretor-executivo de Jornalismo da TV Globo.

Quanto a Bonner, ele não se aposentou. Apenas mudou de palco. A partir de 15 de novembro, ele passa a ser correspondente especial do Globo Repórter, programa criado em 1973 e considerado o mais respeitado documentário da televisão brasileira. Seu primeiro trabalho, exibido em 21 de novembro, será um documentário de 52 minutos intitulado "A Transformação da Democracia Brasileira ao Longo de Três Décadas". O filme foi gravado em 12 estados, com entrevistas em Brasília, São Paulo, Recife, Belém e Porto Alegre — um retrato amplo e profundo da evolução política do país desde sua volta à democracia.

Reações e o que isso significa para o jornalismo brasileiro

A presidente da TV Globo, Paulo Marinho, 68, afirmou em nota oficial: "William Bonner representa os mais altos padrões do jornalismo brasileiro. Sua saída do Jornal Nacional encerra um capítulo brilhante, mas abre novas possibilidades para nossa divisão de notícias."

Para analistas, a transição é mais do que uma mudança de apresentadores. É um sinal de que a TV aberta ainda tem força, mas precisa se reinventar. "Bonner foi o rosto da credibilidade. Agora, a pergunta é: quem vai ser o novo símbolo?", diz a professora de jornalismo da USP, Dra. Mariana Ribeiro. "A geração que cresceu com ele não vai esquecer. Mas os jovens? Eles estão em outras telas. A questão é se o jornalismo de qualidade ainda consegue atrair esse público sem o peso do nome."

Na prática, o Jornal Nacional ainda é o mais visto. Mas a audiência caiu 15% nos últimos cinco anos. A entrada de Tralli, mais jovem e com perfil mais digital, pode ser o primeiro passo para reacender o interesse das novas gerações — sem perder o rigor que Bonner construiu.

Um legado que não se apaga

Um legado que não se apaga

Quando Bonner entrou no ar pela primeira vez, em 1996, o Brasil tinha 140 milhões de habitantes. Hoje, tem 215 milhões. Ele foi a voz de uma nação que passou por crises, esperanças, protestos, eleições e mudanças culturais profundas. E ele fez isso sem gritar, sem exageros, sem manipulação. Apenas com a verdade — e a dignidade que o jornalismo exige.

Na manhã de 1º de novembro, o estúdio onde ele trabalhou por quase 30 anos ainda estava em silêncio. A cadeira dele, vazia. Mas o microfone, ainda ligado. Como se esperasse por alguém.

Frequently Asked Questions

Por que a despedida de William Bonner foi tão emocionante para os brasileiros?

Bonner foi a voz do Jornal Nacional por quase três décadas, apresentando os principais eventos da história recente do Brasil — desde a estabilização da economia até a pandemia. Sua postura serena e ética o tornou um símbolo de confiança, especialmente em tempos de desinformação. Milhões de famílias cresceram vendo ele no telejornal, e sua despedida representou o fim de uma era de jornalismo sólido e respeitado.

Quem é César Tralli e por que ele foi escolhido para substituir Bonner?

César Tralli é jornalista com mais de 30 anos de experiência, já apresentou o Jornal Nacional aos fins de semana e comandou o Bom Dia São Paulo. Foi escolhido por sua solidez técnica, experiência em jornalismo de qualidade e capacidade de conectar com diferentes públicos. A TV Globo o viu como o mais adequado para manter a credibilidade do programa enquanto traz um novo estilo, mais ágil e contemporâneo.

O que Bonner fará agora no Globo Repórter?

Bonner passa a ser correspondente especial do Globo Repórter, com seu primeiro documentário exibido em 21 de novembro de 2025. O tema é "A Transformação da Democracia Brasileira ao Longo de Três Décadas", gravado em 12 estados. O projeto é um retrato profundo da evolução política do país desde a redemocratização, com entrevistas em instituições, comunidades e líderes — uma continuação natural de seu compromisso com o jornalismo de profundidade.

A audiência do Jornal Nacional vai cair sem Bonner?

A audiência já vinha em queda gradual nos últimos anos, mas a despedida de Bonner gerou um pico histórico: 28,5 milhões de espectadores na noite final, contra a média de 24 milhões em 2025. Isso mostra que o público ainda valoriza o programa — mas a permanência dependerá da consistência da nova equipe e da capacidade de atrair novas gerações, que hoje consomem notícias em redes sociais e apps.

Houve alguma polêmica na escolha de César Tralli?

Não houve polêmica pública. A escolha foi vista como técnica e natural, já que Tralli já atuava no programa há anos. A TV Globo evitou anúncios sensacionalistas e priorizou a continuidade. A transição foi planejada desde 2024, com treinamento e integração da equipe — uma diferença marcante em relação a outras substituições polêmicas na mídia brasileira.

Como a mídia internacional reagiu à despedida de Bonner?

Veículos como BBC, The Guardian e Le Monde mencionaram a despedida como um marco do jornalismo latino-americano. A BBC destacou que "Bonner representa um modelo raro de autoridade jornalística sem apelo ao espectáculo". A imprensa internacional reconhece que, apesar da crise do jornalismo no mundo, o Brasil ainda mantém um dos poucos telejornais com credibilidade massiva e impacto cultural duradouro.